Observação Universal

"Quando alguém pergunta pro autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro." [Mário Quintana]

segunda-feira

Um Descaminho

Hoje não vou adiante
vou parar por um instante...
admirar os mínimos prazeres da vida
e com profundidade a paz de um segundo...
Será possível ser feliz sem ter nada?
Será que pode a felicidade ter intenções?
Vou fingir ser desapegada....
Caminhar no limbo, sem querer mais nada
Contentar com a respiração....
Esquecer dos sonhos e dos problemas
ignorar a realidade
Eu, por um instante vou fingr que da vida
eu só quero
Viver de Amor, cinema novo e marlboro light.

Rebeldia fadigada?

Eu (pronome bem pessoal) cansei de homem safado...
que não sabe agradar, que não deixa ser agradado...
Cansei dos pervertidos, que acham que as mulheres são petiscos...
Cansei dos românticos (que não passam de egoístas)
Cansei dos oportunistas que aproveitam nossos pontos fracos
Cansei dos burros que acham que enganam...
Cansei dos brutos e cansei dos lerdos...
Quanto aos tarados, eu cansei em partes!
Cansei de gente que gosta de sorvete napolitano
que diz pode ser para tudo!
cansei das pessoas que quando terminam um romance dizem:
você que sabe!
Cansei de gente que na luta de um diploma universitário
faz FACUL ao invéz de faculdade...
cansei de gente que reclama do governo
generalizando exatamente esta palavra!
Cansei de gente que vê filme famoso no cinema, novela das oito na globo e stand up comedy...
Cansei de gente que ouve algumas músicas e acha que é Rock...
Cansei da sintonia com ausência de rock!
Me fartei de pessoas que dizem "a louca", "adorooo"
E me estrepei com os alternativos...
Enjoei dos que dizem ser diferentes...
e dos que efetivamente são normais...
Me perdi com todo esse povo que se diz louco...
e que a sanidade pesa mais que um general...
Cansei de gente racista
cansei dos falsos moralistas
Cansei das mulheres sendo machistas
Cansei de gente mentirosa!
Não aceito mais rótulos, nem estereótipos....
Cansei e já fugi das pessoas desprovidas de amor próprio...
desisti de ser palco dos que precisam se auto confirmar!
e desisti de provar que sou de verdade!
Cansei de travar ao falar o que penso...
cansei de me inibir em falar a verdade.
Cansei de não saber me expressar como toda sinceridade
Cansei de reprimir o que sou, mesmo sendo!
Cansei de achar que vou encontrar alguém do meu jeito
alguém que me entenda;;;
e que preciso acreditar no amor verdadeiro...
Aprendi a me amar sozinha!
Quando alguém quiser dividir comigo...
Cansei das pessoas que dizem enfim, até para as coisas que estão só no começo
Cansei dos ativistas, dos vegetarianos, os pacifistas...
cansei de gente que acha que pode salvar o mundo porque usa uma barba grande e ouve Los Hermanos....
cansei de admirar os rebeldes...
E cansei faz tempo dos politicamente corretos...
Cansei da cultura hipócrita
cansei também de falar mal da política...
Não posso mais ouvi falar em criança abandonada em alguma lixeira...
e que certamente na maternidade será chamada de Vitória!
cansei das enchentes do começo de ano... e do Carnaval que vem em seguida
Cansei das pessoas que se dizem sucedidas...
das mal resolvidas, das mal comidas...
Cansei de pessoas que me colocam em algum desses status....
Cansei de ser taxada...
Cansei de interpretarem o que digo!
Cansei de dar satisfação pras pessoas...
Não suporto quem reclama da segunda-feira
e quem diz "breja", para a sagrada cerveja!
Detesto os maconheiros rebeldes sem causa....
Enjoei das frases de efeito...
E das pessoas sem efeito nenhum em nossas vidas
cansei de perder tempo!
cansei de fazer planos para arquitetar planos
cansei de reclamar da vida
enjoei dos meus problemas!
Cansei de querer ganhar na loteria...
perdi até o tesão de viver de renda!
Cansei de amigos de mentirinha
cansei dessa falta de parceria
Cansei das músicas da moda, e casei das antigas...
Cansei do velho, não me simpatizei com o novo...
Cansei quem acha que o amor é a moda antiga
Cansei de pessoas que dizem "Eu te Amo" para mais de 5 pessoas nessa vida...
Me entristece ver o amor virar bom dia!
Cansei de dar mais cinco minutinhos para o despertador...
cansei de ser a maioria...
cansei de ser parte de todo mundo
cansei de estar na massa.!
Acho que cansei de tudo, porque ultimamente tudo não é nada
Para falar a verdade, cansei apenas de estar cansada.

Poetético

O cenário era a vista da janela de ônibus


no conforto de uma música

[bem particular]...

encravada em meus ouvidos

penetrante, comprenetada.

aquela paz cotidiana e convencional

de quem vive rotina, de cidade industrial

até a violência agressiva da compreensão tocar a retina...

Dor de saber, dor de não agir,

dor de não sentirem...



do lado de fora...

na calçada (no frio da cidade grande)

um homem senta-se ao chão

olhos fechados, boquiaberta

(quase babando)

mãos apoiando o tronco

pernas abandonadas

corpo todo coberto de trapos e maltrapilhos...

indigente ou coisa nenhuma

(verme!)

As outras gentes que se dizem gente

olham como eu...

sentem (talvez), e não reagem

Indiferente! - indigente que se diz gente...

como um cão adoecido fica esquecido, quase invisivel...

e o juízo de valor se manifesta

entre sentenças de poucas linhas...



Quando pobre:

vagabundo

quando rico:

mal agradecido...

"Deixa ele, está drogado...

Bêbado safado..."

Perdemos a humanidade...



Hoje em dia são Valores,

de uma certa rentabilidade

conformidade, um conforto...

Esses sim são praticados...



Diga-me

quanto custa a humanidade?

A generosidade?

Não custa nada!

é... não custa nada...

talvez por isso é que não podem ver

Pessoas dormindo no chão...

Pessoas que pedem água...

que querem pão...

São pessoas, são crianças...

morrerão de frio nesse inverno

e no calor ficarão desidratadas...

são zumbis...

lesadas por uma pedra de crack

sim ou não...

Desvalorizamos seres humanos que se desvalorizaram...

Trágico!

Prosseguimos... veja:

estamos todos morrendo de infelicidade!

domingo

Do outro lado da porta


Passa quase que por despercebido...
Quando não é a gente que passa...
Por aquilo que não foi correspondido!
Tão incompreensível...
Como um imortal afiado
De veneno e perigo...
Somos donos do jogo
A bola da vez...
Senhores do Destino

Daí então, quando chega a nossa vez...
De estar do outro lado...
Tornamo-nos vulneráveis...
Solitários, intolerantes à falta de reciprocidade...
Amamos de olhos fechados, sem olhar pra trás
Sem olhar p’ra nada...
Somos agora escravos...
Donos de um sentimento unilateral e inconveniente...

De um lado da porta, do outro lado...
sempre vítimas...
com certas peculiaridades:
De um lado somos fortes e implacáveis: amam-nos, nos amam
Aclamamos com autoridade...
Do outro, somos tristeza e poesia: quero-te, te quero...
Imploramos com sinceridade...

Não há romance, por não haver misericórdia, por não haver tragédia!
Travam o não e o sim uma batalha...
Invencível são os sentimentos...
Sentimentos opostos e aflitos
O lado do rio pesa, pondera... medo de estar errado!
Medo de ser malvado, medo de passar por isso...
O outro lado do rio chora, questiona... não tem medo...
Está na batalha... pela conquista!

Somos todos carnes mortíferas, sólidas e sozinhas...
Que quando aflora... sente calafrios
Quer ter a certeza de que não está sozinho...
Mas  uma hora, numa flechada de sorte do cupido...
Acha-se – agarram-se  e se soltam....
P’ra sofrer tudo outra vez...

Essa vida vulga ingrata...
Quer da gente é espírito de aventura
Para  rir e chorar quando fora a hora....
De fazer valer a pena a dor e a alegria
De amar,
Desamar...
Criar sentimentos....
Desvendar o acaso....
Desse infinito colateral.