Observação Universal

"Quando alguém pergunta pro autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro." [Mário Quintana]

sábado

Conspiração Final

Tudo é uma conspiração...
O vento denuncia o tempo
o tempo denuncia a vida...
e o seu fim denuncia a morte
Tudo se conspira contra tudo, para todos...
A poesia é uma conspiração eterna
trabalha suas palavras até conseguir harmoniza-las
Poetas ousados, vão embora, e deixam rimas que imitam a vida...
[Ou será a vida que imita a poesia?]
Não importa a resposta, a conspiração está lá fora...
Só eu sair de casa que ela me ataca
O acaso, os amigos, os romances...
Tudo acontece para um fim - um deles a Lembrança!
Se nada é para sempre, são lembranças o que nos resta...
Lembrança que enche nossas malas dessa viagem chamada vida...
Nos transformamos ontem - o que somos HOJE...
Não um "eu" definitivo, o eu em mutação...
A conspiração não permite certezas, não permite estatização, muito menos definição...
Ela não para na estação...
A conspiração é para quem vive...
E quem vive morre, e antes de anunciar este fim confirmado... Todos os nossos dias são conspirados...
os dias escorrem, as pessoas passam [deixam rastros, memórias, pedaços],
as coisas acontecem, a poesia descreve, e a vida padece
Audácia, tudo se concretiza na maior harmonia...
do mesmo modo como a poesia descreve a vida.. Assim, sem perder a rima:
É a Morte, fim de quem Vive.

O cara dos abraços

AMIGOS – Área Perigosa...
Quase sempre é um ou dois no máximo...
Dois ou três é coleguismo
Aquele que só te vê nas horas ruins na verdade o querem como "auto-ajuda"
Os que só querem saber de farra, te trocam por uma bebida, ou algo mais barato...
Os que só foram por um momento, se envolveram por conveniência...
Os que falam da vida alheia, certamente vão falar da sua...
Os que não gostam da sua família, de fato não gostam de você...
E os que mentem, mesmo que mentiras pequenas são pessoas perigosas: mentem até de você...
Os que logo dizem “Eu te Amo” instantaneamente te odeiam, ou indiferentemente te terão por perto, estes são os esternos carentes... não procuram amizade, e sim alguém pro agora, e depois logo vão embora...
Os que muito querem ser agradados só querem um fã clube particular...
Os que muito te agradam é de se desconfiar...
Amigo é aquele cara que não se intimida com o silêncio, não se assusta com seu choro, que compartilha suas risadas, e contribui pro seu sorriso, esse cara que some e quando volta é o mesmo cara de sempre... O tipo de pessoa que sabe te dizer não, e até puxar sua orelha, o irmão que a gente tem fora de casa, e o romance sem pieguices, amor sem carne e desejo, é o cara dos abraços longos...São poucos porque são raros, e se não fosse talvez não seria tão prazeroso os ter por perto...
Amigo é algo que o tempo não envelhece, só fortalece, e como ele a gente descobre: Se foi amizade, ou mera "parceiragem"!

Ser... Essência

Falar de nós mesmos é difícil porque parece óbvio! Quem tão bem nos aponta as qualidades e defeitos do que nossa imagem velha e repetida? Sim, nos conhecemos tão bem, que não sabemos dizer quem somos...
Talvez por que estamos sempre em mutação... Hora ou outra gostamos ou deixamos de gostar... Um dia achamos o definitivo, mas até lá...
Os outros sempre vão falar "meter o bedelho", julgar, taxar e até afirmar sobre você, pouco depois de um diagnóstico nada científico, nada filosófico, sem um pingo de poesia – Julgarão aparentemente talvez... E até nós mesmos confundimos, com o que os outros pensam, com o que os outros querem que sejamos, com o que queremos ser...
Cheguei à conclusão que não importa dizer o que somos... Simplesmente SOMOS independentes do que se tem para dizer. Porque personalidade tem a ver com Ação, com Ser, e não com o Poder de Escrever, e não com o Poder de Dizer, e não com o Poder de Fingir Ser... Se não a personalidade só caberia aos bons escritores e aos atores de circo, porque fingir grotescamente é uma grande palhaçada... E mais, escrever sobre você é tão mediano quanto falar da vida alheia... Então melhor escrever sobre a estatização dos sentimentos, ou sobre sua impossível conceituação, sobre o poético eixo entre a dor e a alegria, sobre a emoção de um dia, ou o frio na barriga de algumas horas, ou sobre o paradoxo do choro... Sobre qualquer coisa que fale sobre a vida, ou a apresente em seus aspectos culturais... A arte de imitá-la, qualquer que seja... Por que é em alguma arte que nos encontramos... Na arte de trabalhar, de namorar, de viver, de encontrar, de descobrir e até de chorar, ou na arte de dar escândalos, de pensar, na arte de amar, em alguém ou em ninguém.. Somos uma essência imune de qualquer conversa, só se perde quem nunca teve uma... Não devemos deixar que o que escrevemos, ou o que lemos e até o que os outros dizem acabe por nos limitar, ou nos que pressionem a mudar... Porque ver nossa caricatura em espelhos alheios realmente assusta
Não podemos esquecer que o que os outros pensam não passa por uma peneira de raciocínio fundamentado em algo, e sim pela base áspera e preconceituosa do senso comum e da malícia... Com todo respeito aos "quase nada de leitores” - Foda-se a pergunta "Quem sou Eu", "Quem é ela", "Quem você pensou que eu seja"... Eu sou EU, e se precisasse dizer o que é Ser, duvidaria de mim mesma, ou me limitaria em 5 ou 6 palavras... Mas se tanto lhe interessa um parecer, garanto-lhe um bem subjetivo, e com um toque um tanto lírico, se serei autora de mim mesma, cabe à mim e somente à mim embelezar minhas gravuras, ou defeitos intrigantes, ou uma resposta sem resposta, um tanto duvidosa, mas ta aí o que queria...
Se uma flor por suas pétalas e essência é uma flor, sem dar ou “se dar” nenhuma explicação...
Eu, pelo meu particular, dotado de essência e sabedoria, me dou o Direito de ficar calada, e por si só SOU, sem descrição ou poesia!

quinta-feira

Minuta Prazerosa

Eu queria ter o dom da escrita...
Escrever algo que complete os vazios da vida
Ou dizer o que penso,
Sem querer completar nada...

Apenas escrever...
Sobre coisas, fatos ou histórias inventadas...
Achar o pé e a cabeça de meus pensamentos...
Saber contar sonhos antigos, e juntar aos novos...
Com uma natural harmonia...

Contar minhas vitórias e fracassos...
Transcrever dias tristes e dias chatos...
E os dias felizes farei um rimado
Ou talvez escrever da vida alheia, mal ou bom...
Não deixar no passado...


Queria escrever da vida, da morte, dos dias, da sorte...
Escrever, não sei sobre o que...
Talvez sobre tudo,
Depois escolheria um eixo e faria disso tudo um livro bem “brochudo”...
Pra encantar alguns, irritar a outros, mas mesmo depois de ir...
Não deixar que aqui se esqueçam de mim
Me assusta saber que um dia vou partir...

Apenas escrever, não sei para quê...
Não sei do que...
Só sei de onde...