Observação Universal

"Quando alguém pergunta pro autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro." [Mário Quintana]

segunda-feira

Poetético

O cenário era a vista da janela de ônibus


no conforto de uma música

[bem particular]...

encravada em meus ouvidos

penetrante, comprenetada.

aquela paz cotidiana e convencional

de quem vive rotina, de cidade industrial

até a violência agressiva da compreensão tocar a retina...

Dor de saber, dor de não agir,

dor de não sentirem...



do lado de fora...

na calçada (no frio da cidade grande)

um homem senta-se ao chão

olhos fechados, boquiaberta

(quase babando)

mãos apoiando o tronco

pernas abandonadas

corpo todo coberto de trapos e maltrapilhos...

indigente ou coisa nenhuma

(verme!)

As outras gentes que se dizem gente

olham como eu...

sentem (talvez), e não reagem

Indiferente! - indigente que se diz gente...

como um cão adoecido fica esquecido, quase invisivel...

e o juízo de valor se manifesta

entre sentenças de poucas linhas...



Quando pobre:

vagabundo

quando rico:

mal agradecido...

"Deixa ele, está drogado...

Bêbado safado..."

Perdemos a humanidade...



Hoje em dia são Valores,

de uma certa rentabilidade

conformidade, um conforto...

Esses sim são praticados...



Diga-me

quanto custa a humanidade?

A generosidade?

Não custa nada!

é... não custa nada...

talvez por isso é que não podem ver

Pessoas dormindo no chão...

Pessoas que pedem água...

que querem pão...

São pessoas, são crianças...

morrerão de frio nesse inverno

e no calor ficarão desidratadas...

são zumbis...

lesadas por uma pedra de crack

sim ou não...

Desvalorizamos seres humanos que se desvalorizaram...

Trágico!

Prosseguimos... veja:

estamos todos morrendo de infelicidade!

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