O cenário era a vista da janela de ônibus
no conforto de uma música
[bem particular]...
encravada em meus ouvidos
penetrante, comprenetada.
aquela paz cotidiana e convencional
de quem vive rotina, de cidade industrial
até a violência agressiva da compreensão tocar a retina...
Dor de saber, dor de não agir,
dor de não sentirem...
do lado de fora...
na calçada (no frio da cidade grande)
um homem senta-se ao chão
olhos fechados, boquiaberta
(quase babando)
mãos apoiando o tronco
pernas abandonadas
corpo todo coberto de trapos e maltrapilhos...
indigente ou coisa nenhuma
(verme!)
As outras gentes que se dizem gente
olham como eu...
sentem (talvez), e não reagem
Indiferente! - indigente que se diz gente...
como um cão adoecido fica esquecido, quase invisivel...
e o juízo de valor se manifesta
entre sentenças de poucas linhas...
Quando pobre:
vagabundo
quando rico:
mal agradecido...
"Deixa ele, está drogado...
Bêbado safado..."
Perdemos a humanidade...
Hoje em dia são Valores,
de uma certa rentabilidade
conformidade, um conforto...
Esses sim são praticados...
Diga-me
quanto custa a humanidade?
A generosidade?
Não custa nada!
é... não custa nada...
talvez por isso é que não podem ver
Pessoas dormindo no chão...
Pessoas que pedem água...
que querem pão...
São pessoas, são crianças...
morrerão de frio nesse inverno
e no calor ficarão desidratadas...
são zumbis...
lesadas por uma pedra de crack
sim ou não...
Desvalorizamos seres humanos que se desvalorizaram...
Trágico!
Prosseguimos... veja:
estamos todos morrendo de infelicidade!
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