Observação Universal

"Quando alguém pergunta pro autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro." [Mário Quintana]

sábado

Cordas bambas




Ele só espera, não faz nada sozinho, mas em silêncio me desafia e me provoca...
A nossa falta de conhecimento e ignorância são músicas desafinadas, que com a prática registram lembranças, grandes obras...
Meus dedos dançam em suas cordas, se eles tivessem rostos, demonstrariam: medo, pânico e ansiedade... E se falassem diriam: Alguém me passa a cola? Ficam cansados de repetir o mesmo exercício, minhas mãos pequenas se esticam a fazer a pestana [maldita pestana que de tão maldita deixa a nota mais bonita], as mãos exaustas e cheias de calo, sempre em momentos dados "de: mim/ para: mim", fazem com que as dores dos calos e o cansaço mental se tornem indiferentes para a vontade de aprender, de ir além do “Do, Ré, Mi, Sol...”, de aprender nem que seja uma música inteira ou de fazer poemas virarem belas canções...
Às vezes o que dá desespero, é saber que isso é fácil para algumas pessoas, que fazem até de olhos fechados [...] Me faz eu, meus braços e meus dez pequenos e finos dedos nos sentirem tremendos fracassados musicais!
Quando não consigo aprender e desisto, em silêncio, parado e morto, consegue fazer em mim um som de covardia! Ele nem precisa gastar uma corda para que ela de maneira afinada doessem em nossos ouvidos...
Nunca pensei que tocar violão fosse tão difícil [pelo menos para mim], e prazeroso ao mesmo tempo...
Quando eu aprendo uma nota, já sinto uma sensação inexplicável liberdade, de domínio de mim, domínio do som e da harmonia... Às vezes me vem na cabeça uma loucura de entrar para uma banda, virar musicista, sei lá... Largar tudo e viver de música [porém de música eu já vivo: ela sustenta meu ser, alimenta minha alma, me traz Paz de espírito, e cura meu caos calmo], mas se eu fosse “profissionalizar” essa paixão, certamente minha mãe e o público inteiro me matariam e claro que eu causaria uma sociedade com problemas auditivos, mas tudo bem, eu nem ligo [...] não gostou tapem os ouvidos [sua saúde é problema seu, humpf!].
Que sujeito mais sereno é esse violão, para não dizer cara de pau, por conta das risadas [num som desafinado] quando tento tocar uma canção, e convardemente desisto, ele não fala [infelizmente], ele ri em silêncio a minha burrice cultural...
Passivo, só aguarda e espera, e com sabedoria fala na hora certa, o momento em que meus dedos criam alma e tocam pelas cordas, o coração!

4 comentários:

Tu disse...

Seus textos são mto bons

aquele da mentira...maravilhoso!

parabéns viu!!

Felipe Mortara disse...

As cordas ficam por muito tempo esperando ação. Por uma vida inteira, às vezes. Sinceramente não é preciso muita coisa pra "arranhar" um violão, um cavaco ou um violino. Mas só de arranhão, como você já percebeu, qualquer relação fica meio besta. Eu tentei voltar a arranhar o meu em 2009 e apesar de aulas e de algum esforço, a rotina me tirou do foco, me levando à desistência de novo. Que seu 2010 seja de persitência, porque no fim ela vale muito mais que qualquer arranhão.

Anônimo disse...

A música é tão livre e tão além... sonho em viver só dela algum dia. Que Deus nos abençoe! :]

Fernando disse...

Eu amo música também, mas como ouvinte.