Observação Universal

"Quando alguém pergunta pro autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro." [Mário Quintana]

terça-feira

E o que eles querem? Mais um pretinho na FEBEM. (Racionais)



Filme Querô, retrata bem a situação atual do Brasil, onde precocemente crianças entram para o mundo do crime. Muitas delas em situações de: 'Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come'. Crianças esquecidas pelos direitos humanos, jovens "fora da lei", principalmente das leis sociais.
E mesmo assim, vivendo em um país onde a desigualdade é cada vez maior, onde não existem programas suficientes de incentivo cultural e educacional, e um sistema carcerário falido... A grande maioria quer ver a redução da maior idade penal. Será porque querem se sentir seguras nas ruas sem os “trombadinhas”? Acho que só querem mais eficácia ao CPP - Código Penal para o Pobre... Porque é isso que vai acontecer.
E mais... Querem ver extinta a fase juvenil da pessoa, afinal se reduzir a maior idade, de acordo com a Isonomia, também a partir dos 16 anos poderá tirar carta de motorista, ir à Motel, casar, trabalhar, beber bebidas alcoólicas, ir à boates... Será o menor ainda vulnerável depois de poder responder penalmente? Haverá reabilitação social de um jovem que dividirá as celas com traficantes, estupradores e seqüestradores? Será ele bem recebido pelo mercado de trabalho depois de solto com apenas 21 anos de idade? Será um país melhor vendo suas crianças deixando de ser crianças aos 15 anos? Será uma atitude eficaz para um país onde o sistema educacional é limitado, as faculdades públicas são para os ricos, e o mercado de trabalho é escasso? Será justo? Ou vingativo - como uma forma de responder aos crimes brutais onde houve participação de menores infratores?
Só digo que antes de falar de punição deve se falar de educação, de cultura e lazer, sei que a pobreza não é justificativa para fazer coisa errada, para fazer mal para alguém... Mas sei que é um caminho largo e fácil de entrar estando nessas condições... E mais, quando se é jovem é muito mais fácil de ser iludido com falsas percepções...
Sem mais delongas, desculpem se ofendi alguém... Só achei este filme muito bom, principalmente para formar opinião [reduz ou não reduz?], e acho que as pessoas pedem a tal da redução sem nenhum fundamento claro... E também me coloco na posição de que um dia [um dia] ela vai ter que reduzir, por conta da evolução humana, de modo que vemos cada vez mais cedo crianças se tornando adultas... Mas para isso o Brasil terá que acompanhá-las, e neste momento, neste hoje longo, ele não está preparado para receber cidadãos de 16 anos, pois se encontra limitado de estrutura educacional, cultural e política.

3 comentários:

Tu disse...

Magina, melhor ainda é ler seu blog!
Este texto que faz menção a vida de adolescentes e vc ainda menciona Racionais!! Mto Bom,! é ótimo saber que existem pessoas com os olhos abertos para a sociedade também...

Tenho 21 anos, e a impressão que passo nos textos é exatamente o que estou vivendo...esse mundo nojento cheio de hipócritas...


Achei seu blog, no da Mari Conti..quero dizer "Abstrações"..

Você é muito sensivel, e perceptiva, obrigada por visitar meu blog!

PS: Ja virei seguidora sua!!!

:)

Fernando disse...

"as faculdades públicas são para os ricos"

Essa frase, sobre todas as demais constatações de semelhante importância que você escreveu, fez com que eu me tornasse teu seguidor.

Exatamente porque eu curso Letras na USP e eu sei de perto o que você está falando. Mas é só parcialmente verdadeiro. Há determinados cursos lá dentro que concentram a esmagadora parcela dos endinheirados, como Administração, Economia, Arquitetura, Engenharia, Medicina, Veterinária, Jornalismo, enfim, seguindo a regra dos mais concorridos da Fuvest.

E sempre será assim. As pessoas mais ricas serão sempre as com mais amplo acesso à cultura de elite, à educação diversificada (domínio de línguas estrangeiras, viagens ao exterior, estudos musicais desde jovem), e só perderão as oportunidades advindas de berço se quiserem.

Mas o verdadeiro problema não está na existência de "ricos". Quer dizer, a não ser que tentemos enxergar o mundo como um experimento ultimamente maniqueísta: os pobres de um lado e os ricos do outro. Creio eu que problema está na distribuição de renda, no ônus dos impostos, que não são diretamente proporcionais ao salário e à fortuna do indivíduo, fazendo com que os pobres e os miseráveis sejam os que maior encargo sofrem na hora das compras, na hora de viver com o mínimo de condições. O rico vive, o pobre sobrevive. São perspectivas diferentes de mundo. A primeira é o infinito horizonte, a segunda é o interminável poço - de esperanças fragmentadas.

E esse problema, minha cara, só poderia ser solucionado com derramamento de sangue. Ninguém quererá abrir mão do excesso de fortuna para uma sociedade com menor disparidade econômica, social, étnica. E o senador que desejar passar semelhante projeto verá seu embrião vetado imediatamente. Porque quem aprova ou não os projetos de lei é justamente a camada mais rica e beneficiada da sociedade.

Por falta de palavras para exprimir o sentimento de impotência que semelhante realidade me dá, eu me calo, e deixo as tuas palavras como as minhas.

Ah, e eu sou definitivamente contra a redução da maioridade penal. Ia quase me esquecendo... seria quase de todo inútil tentar solucionar pelo sistema penal um abissal déficit que contraímos desde o berço da nossa Nação em relação à universalização de uma Educação de qualidade para todos.

Uma mudança que nenhum de nós estará vivo para ver com os nossos próprios olhos é uma reestruturação da Educação. E é exatamente uma Educação de qualidade que afasta alguém das grades. Uma verdadeira pena...

diego disse...

parabéns pelo texto, pela coragem de enfrentar o senso comum, pela opinião certeira e a capacidade de articular tudo isso em palavras!

espero que em 2010 você continue escrevendo.

saudações literárias e libertárias!

abraços